Metamorfoses

mudar de opiniao

Esses dias vi nas redes sociais um comentário sobre Jean Willys que o desmerecia com o argumento “foi ganhador do BBB, mas fala mal da Globo”. Não vou entrar no mérito da questão política aqui mas esse comentário me pegou. Lembrei de um video, da extinta TV Manchete, que entrevistou uma garota que arrotava preconceito com os “pobres da favela que não deveriam frequentar Copacabana”. Quase 30 anos depois o video volta à internet e aquela adolescente é uma senhora que hoje se arrepende do comentário e fica feliz em ver o quanto cresceu de lá pra cá. De qualquer forma, até hoje recebe ameaças por aquele comentário infeliz.

Fiquei pensando em quantos “nuncas” a gente cospe pra cima. Daquela amiga que tira sarro te pega cantarolando uma música falando “pra quem sempre odiou Beatles…”. De você sempre ter gritado para os quatro cantos do mundo o quanto odiava gatos até ter seu coração roubado por aquele bichano safado adotado por seus flatmates. Tirar cada pedacinho de cogumelos do strogonoff da mãe e agora colocar mushroom em todas as receitas que puder. E aquela sua amiga que sempre disse que nunca teria filhos e está grávida do terceiro.

Meu questionamento é o quanto somos rápidos em nos julgar por algo que fomos. Carregamos e cobramos dos outros uma necessidade de reafirmar nossas opiniões como se tivéssemos uma mochila na qual, para sermos dignos de credibilidade, temos que carregar ao longo da vida tudo o que já falamos, mesmo que já não faça sentido.

Em como nos atemos ao ontem, àquela pessoa que não somos mais, mas esquecemos de mostrar ao mundo quem somos agora. O agora, esse safado, o único momento em que podemos agir, refazer uma escolha.

Faz 11 anos que o Jean venceu o Big Brother, faz 30 anos que aquela adolescente deu aquela declaração preconceituosa e essa que escreve está bem pensando em adotar um gato e batizá-lo de Mushroom.

Partindo do princípio que a cada dia evoluímos com nossas experiências, bato palmas para aqueles que fazem vista grossa à opinião alheia e se permitem tirar o peso desnecessário de quem eles já foram um dia.

De permanente mesmo, apenas a liberdade que vem a partir da consciência da nossa inconstância.

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